-Olhe a placa Levi! Chegamos a Suweto!
Alicia ficou um tempo apontando para a placa enorme da cidade, mas seu gesto não pareceu interessar muito o dragão.
-Vamos entrar logo...
-O que foi Levi? Por que está tão desanimado? Aconteceu algo?
-Na realidade...
O dragão ficou um tempo explicando para Cherish sobre o grande poder mágico que sentiu logo após se aproximarem de Suweto, e de sua ideia de procurar outro caminho caso saiam da cidade.
-Mas não foi você que disse que eu deveria enfrentar coisas fortes para chamar a atenção daquele dragão?! Além do mais, estamos cercados por um mar enorme. Ou voltamos para aquela floresta medonha ou seguimos em frente. E voltar não é uma opção!
-Não será nem um pouco fácil. Espero que esteja preparada.
-Pra falar a verdade, eu estou um pouco assustada com isso tudo, não tenho certeza do que encontraremos, mas não tenho escolha. Bom, vamos entrar logo!
A dupla passou pelos portões da Cidade Comercial e logo notou que as pessoas que estavam na cidade ficavam observando os dois.
-Eu acho que você está chamando muita atenção Levi.
-Também, não é todo dia que se vê um Elemental junto de um guardião. É normal as pessoas ficarem assustadas. Não existe nem uma dezena de Guardiões nesse mundo...
Os dois logo entraram na cidade. Era bem diferente da Vila Haven, o fluxo de pessoas era muito maior, não-pendular e cada um tinha seu próprio negócio, diferente do ato de subsistência da vila.
Contudo, a arquitetura das casas não era muito diferente. Talvez o maior investimento na defesa da cidade, em utensílios para o comércio e um poder centralizador fizesse com que fosse facilmente distinguível onde eram as casas das pessoas normais e onde ficava o enorme palácio, onde provavelmente ficava o prefeito da cidade.
Levi e Alicia ficaram olhando pela cidade por um bom tempo até um garoto trombar com os dois e derrubar a jovem.
-Ei garoto, olha por onde anda!
-Levi! Não assuste a criança assim! Vamos, peça desculpas pra ele!
-Perdão... - O dragão balançou sua cabeça e se desculpou frente ao garoto.
A jovem logo se levantou, ajudou o garoto a fazer o mesmo e entregou a sua bola.
-Da próxima vez tome cuidado viu?
-Tudo bem! Obrigado moça!
Após o garoto se afastar um pouco, uma mulher mais velha apareceu e agarrou o garoto pelos braços. Ela parecia zangada com Alicia:
-Nunca mais toque no meu filho, seu monstro!
Levi tentou animar um pouco a garota para retornarem a sua procura.
-Não ligue para aquela tonta, Alicia. Boa parte das pessoas simplesmente generaliza Elemental e Bestia como monstros, sendo que essa atitude faz deles os verdadeiros monstros.
-Tudo bem Levi, vamos em frente... Já me acostumei com isso.
A garota não mostrava, mas estava muito chateada com a atitude da mulher. Ela ficou se perguntando por todo o tempo se todas as pessoas a tratariam dessa forma onde quer que ela fosse.
Logo sua caminhada novamente foi interrompida. Dessa vez, por um comerciante que ficou maravilhado com algo que Alicia tinha:
-Ei garota, essa é uma presa de serpente?
-Isso mesmo. Eu tenho algumas aqui, na realidade.
A jovem das chamas guardou algumas coisas que os monstros da floresta derrubaram ao serem derrotados. Ela pensava em usá-los quando fosse preparar alguma comida, por exemplo.
-Quer trocá-las comigo? Eu tenho algumas coisas que podem ajudar na sua viagem!
Aqui temos um Magic Pocket, que é capaz de armazenar até uma tonelada de itens, alimentos e decorações! Eu vou incluir isso com algumas camas com lençóis e um belo estoque de comida, certamente será de grande ajuda em sua viagem! E tudo isso por poucas presas de serpente!
-Trato feito! – A garota apertou a mão do proprietário da loja e agradeceu pelos itens- Pode me dizer por que quer tanto essas presas?
-Meu filho é um artesão muito famoso no continente e estava à procura de diversas presas de monstros para fazer novas armas. Aparentemente os ataques dos Bestia estão ficando mais graves e ele quer melhorar o armamento da cidade.
-Bem, de qualquer forma obrigada!
Após a troca, Alicia e Levi começaram a perguntar pela cidade em busca de informações do dragão enorme que levou Cherish da extinta vila Haven. Contudo, o máximo que descobriram foi que ele passou pela cidade e voou em direção ao norte.
Quase no fim da tarde, eles pararam um pouco na praza da cidade:
-Parece que teremos que passar por aquele lugar perigoso- Levi ficou com uma cara meio preocupada, mas não tanto quanto da última noite.
-Tudo bem! Tenho certeza que tudo dará certo!
-Eu espe—
Um som muito grave tocou e uma barreira mágica se formou na cidade.
-O que foi isso Levi?
-Deve ser o mecanismo de defesa da cidade para os Bestia não atacarem enquanto os cidadãos dormem.
-E agora? Vamos ter que dormir na rua mesmo?
-Bom, tem aquelas camas e –
Um grito muito agudo partiu de uma árvore perto da dupla:
-Socorro!
Era uma garotinha. Estava quase caindo de uma árvore enorme. Contudo, Alicia pulou e conseguiu agarrar a jovem.
-Tudo bem?
-Sim! Obrigada moça! Você foi muito gentil comigo!
-É normal fazer isso pelas outras pessoas, disponha. Bem, sabe de algum local que eu possa dormir com meu amigo?
-Olha moça, todos os hotéis estão ocupados com soldados. É que tem muitos seres maus aqui perto e aqueles homens estão aqui para nos defender, mas você pode dormir na minha casa!
-Não será nenhum incomodo?
-Claro que não! Na verdade, a mamãe e meu irmão devem ficar contentes em ter mais gente em casa!
A garotinha levou Levi e Alicia para sua casa. As duas sorriam muito, e o dragão estava muito contente. Ele percebeu que a inocência desse mundo não se perdeu, de certa forma.
Logo o trio passou pelas portas da casa da garotinha.
-Mamãe! Temos visitas!
-Olha, há quanto tempo não tenho visitantes! Sintam-se em casa!
-Obrigada! Eu sou a Alicia, e esse é meu guardião Levi!
Alicia apertou as mãos da mulher, e o pequeno dragão abanou as asas e levantou a cabeça.
-Prazer em conhecê-los. Eu soube que salvaram minha filha. Obrigada.
-Como soube disso?!
Alicia ficou surpresa pela resposta da mulher. Contudo, Levi não parecia nem um pouco espantado, e a dama abriu um sorriso.
-Como pode ver pelas minhas orelhas de coelho e pele mais escura, eu sou uma Vajra. É normal nós termos esse tipo de habilidade de ver as proximidades dos locais onde estamos. Não podemos usar magias, mas nosso poder mágico para todo o resto é muito útil!
-Entendi... Ei moça, pode me explicar exatamente o que é um Vajra?
-Bom, acredito que nunca tenha visto um antes, pois Vajras são facilmente identificáveis. Se você ver alguém com a pele um pouco mais escura, orelhas enormes e com pequenos pelos em suas pontas, provavelmente estará vendo alguém da mesma raça que eu!
-Se tivesse que me perguntar, eu acho essas orelhas muito fofas!- Alicia se deixou levar e começou a acariciar as orelhas da dona da casa.
-Isso é um sinal de respeito entre nós sabia? Você certamente fará amizade com todas as pessoas que encontrar se agir dessa forma tão gentil.
-Eu espero...
A conversa das duas é interrompida pela chegada de alguém na casa da Vajra.
-Cheguei!
-Ah, chegou na hora certa meu filho!
A mulher foi de encontro ao garoto para apresentá-lo a Alicia e Levi.
-Esse é meu filho mais novo, Shroud. Aquela que vocês salvaram era a Saya, e eu sou a Marjory. Sejam bem-vindos a casa dos Bernard!
-O prazer é todo meu!- Alicia cumprimentou a mulher novamente e o garotinho com um leve aperto de mãos.
-É um prazer estar em sua companhia... –Levi, mais comedido e formal apenas desceu do ar e ficou com duas patas no chão.
-Nossa Levi, não precisa ser tão formal assim! Est—
A jovem de cabelos vermelhos não teve tempo de terminar sua fala e o garoto se jogou no pequeno dragão:
-Não acredito! Estou vendo o lendário Laevateinn! Nunca pensei que veria um Vanguard vivo!
A admiração de Shroud pelo dragão era enorme. Dava para ver o brilho, o entusiasmo nos olhos do rapaz de topete azul.
-Viu só Alicia? Alguém aqui sabe me tratar como divindade que sou!
-Ah, para com isso Levi! Você é muito pequeno e fofinho para querer passar por lenda. (como o garotinho conhece o Levi?!)
Quando o pequeno dragão e a jovem pareciam entrar num conflito, o garoto resolveu conversar com Alicia:
-Moça, você é uma maga não é?
-É, mais ou menos...
-Pode me mostrar uma magia sua por favor?
-Claro que posso!- Alicia não conseguiria negar o pedido ao rapaz, a alguém que pediu com tanta vontade e inocência.
A garota conjurou duas bolas de fogo e as fez girar pelo ar.
-Como pode ver, eu sou usuária do Fogo. Bela combinação com o Levi, não acha?
-Incrível... Sua chama é tão linda, é bem diferente do fogo da lareira da mamãe...
A jovem apagou as chamas e ficou muito feliz com os comentários do garoto, contudo não prestou tanta atenção no final, pois estava ficando cansada, até cair de joelhos e preocupar a todos na casa.
-Moça?! O que foi?
-Calma filho, ela só esta cansada. Ela deve ter passado por maus bocados hoje, pois para alguém cair apenas mostrando um pouco de seu poder...
-Senhora, pode mostrar onde dormiremos, por favor? Como pode ver, Alicia está exausta. Ela precisa de uma boa noite de descanso.
-Tudo bem.
Marjory mostrou para Levi o quarto onde os dois ficariam. Depois desceu as escadas da casa para ajudar o dragão a colocar Alicia na cama.
-Boa noite para vocês dois. Não se esforcem demais.
Levi logo caiu no sono na pequena cama ao lado de Alicia.
Capítulo IV: Suweto e o futuro mago
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012 | Published in Contos de Zephyr | 0 comentários
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