Capítulo II: Meu nome é Laevateinn!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012 | Published in | 0 comentários

    O amanhecer de um novo dia apareceu, os habitantes da vila Haven foram saindo de suas casas. Uns para trabalhar nos campos, outros em obras na vila ou ainda alguns em viagem. Um pouco depois Cherish despertou para também começar a sua caminhada diária.

    A jovem arrumou seus cabelos, se vestiu com um belo robe branco, que cobria outras peças do seu vestuário. Os pássaros começaram a cantar e o vento estava calmo. Isso era o que ela pensava, mas na realidade era só uma espécie de aparelho que emitiu o som das aves.
    Ela ficou tranqüila ao ver a vila em ordem. As pessoas trabalhando normalmente, as casas arcaicas com telhados em forma de enxaimel e os poucos animais dando o ar de sua graça dentro de Haven.
    Mas os planos de Cherish mudaram um pouco ao ver a garota do outro dia acordando. Seu cabelo não estava desarrumado, mas ela continuava vestindo aqueles trapos, e isso parecia incomodar um pouco a líder da vila. Ainda mais por ela ter dito para usar o pijamas que deixara em cima da cama.
    Contudo, ela preferiu deixar esse assunto para depois e foi cumprimentar a recém-acordada.
    -Bom dia! Como foi sua primeira noite de sono aqui? A jovem de cabelos brancos perguntou com um lindo sorriso e uma felicidade enorme.
    -Na verdade, é a primeira vez que durmo tão bem, sem preocupações e num local tão aconchegante. Obrigada. Ah! Aqui estão os pijamas de ontem, é que acho que suei um pouco e eles ficaram molhados.
    -Não precisa agradecer. Sabe, achei que não tinha usado eles, lego engano! Não se preocupe, ontem fez um calor danado, e aquele quarto é meio quente. Enfim, eu pensei em caminhar um pouco e gostaria que me acompanhasse. Poderíamos falar sobre muitas coisas, que tal?
    -Bom, ou é isso ou ficarei esperando sozinha. A garota de cabelos vermelhos começou a interagir com Cherish normalmente, até mesmo deixou escapar uma risada. Parece que o novo ambiente fez bem a ela.
    -Então está decidido! Mas antes precisamos dar um jeito nas suas roupas, não são bonitas, confortáveis e nem cheirosas! Mas tudo bem, minha magia pode dar um jeito nisso!
    -Magia?
    -Isso mesmo. Na verdade, eu sou uma Elemental. Eu não posso fazer muitas coisas além de roupas, acessórios ou peças de casas, mas acho que está bom. As magias são bem distintas entre Elemental e magias de Bestia, podendo existir variações entre indivíduos de um mesmo elemento. Assim, minha Wonder Curtain e seu tipo de chama são habilidades únicas nesse mundo.
    -Entendi,,,- na realidade, a garota parecia muito confusa,
    -Bom, eu te explicarei melhor tudo isso depois. Por hora, apareça, Wonder Curtain!
    Um círculo mágico radiante apareceu, envolvendo a garota de cabelos vermelhos e olhos negros. Em alguns instantes, ela já estava vestida como uma aventureira. Um par de luvas, um vestido parte rosa, parte preto, uma saia curta, um par de meias negras e enormes enroladas em fitas rosas, um par de sapatos rosa e uma capa violeta.
    -Incrível Cherish! Elas são lindas e consigo me mexer facilmente nelas!
    -Que bom que gostou. Sabe, fico feliz pelo seu entusiasmo. Já está até falando meu nome! – Cherish olhou para as costas da garota e fechou um pouco a cara- E o que foi isso nas suas costas?
    -Foi quando eu não conseguia controlar minhas chamas direito, eu acabei me machucando muito. Mas está tudo bem, eu sou ótima nisso agora!
    -Que bom, parece que me preocupei a toa. Só não vá fazer isso novamente!
    -Tudo bem. Bom, vamos à caminhada que você sugeriu?
    -Sim.
    As jovens se dirigiram até a floresta Brein novamente. Mas elas foram um pouco mais a fundo na floresta, até onde se encontrava a árvore Gaia.
    -Acho que até aqui está bom- Cherish logo se sentou num banco ali presente.
    -Quem é aquela dentro da árvore?
    -Ah, essa é Elicia. É uma deusa desse mundo. Ela está ai presa para descansar. Ela praticamente salvou nosso mundo e permitiu que ele ficasse dessa forma. Mas ao enfrentar o deus malvado Daikage, ela ficou muito fraca e continuou aqui até hoje. Ainda não sei se a veremos acordada algum dia.
    -Nossa, eu sempre estive perto de alguém tão nobre e não sabia...
    -Falando em nobreza, Elicia me parece um nome nobre e que cairia bem em você!- Cherish parecia bem animada com sua escolha, mas a outra garota logo hesitou.
    -Não sei... Seria estranho pegar o nome de alguém assim, eu nem pareço com ela, e aposto que ela não usava chamas também.
    -Tá bom, você ganhou essa. Então, que tal Alicia? Uma leve modificação e temos outro ótimo nome! –Cherish riu, mas pensava que falara algo tolo, que não tinha pensado em coisa melhor.
    -Gostei. Está decidido! As duas trocaram sorrisos mais uma vez.
    -Oba! – A garota de cabelos brancos parecia realmente animada agora, ficava fazendo gestos com as mãos e com um sorriso enorme estampado no rosto.
    -Por que... Está tão feliz?
    -Sabe Alicia, você a primeira pessoa que converso normalmente depois que perdi meus pais. Eu sempre pedia a eles uma irmã para ser minha amiga, para passar os dias junto. Por isso estou tão feliz, por mim eu queria que você ficasse aqui para sempre!
    -Nossa...Não sei nem o que dizer. Eu não sei, o que os outros acharão de eu morar na vila? Eles podem achar que sou um monstro pelas minhas chamas.
    - Você não é monstro, é uma Elemental como eu! Você é bonita demais para ser um monstro. Você é...
    Sabe, eles podem ter confundir com um Bestia, pois são a outra “raça” além de Elemental que podem usar magia, mas eles não falam. Então, isso te faz uma Elemental! E dizem que Elemental possui outras coisas diferentes, mas eu nunca fiquei sabendo de nada.
    -Nossa,não sabia que eu era tão incrível!
    -Mas é mesmo. Eu já vi muitos Bestia usando feitiços de fogo, mas nenhum tinha a beleza e a intensidade de suas chamas. Elas eram lindas, e mostram claramente seus sentimentos. É um reflexo de você, Alicia.
    -...
    -Aconteceu algo?Alicia?
    Alicia chorava intensamente. Seus olhos fixados em Cherish, suas mão trêmulas e sua voz quase sumia:
    -Q-Quando eu ficava só nessa floresta eu tinha apenas esperanças e... E incertezas, mas parece que você conseguiu me deixar apenas com esperanças, de descobrir mais sobre mim mesma. Obrigada
    -Não precisava chorar, sua boba. Mas é bom te ver assim. – Cherish pegou um lenço e limpou as lágrimas de Alicia. Depois, se abraçaram por algum tempo, e ficaram olhando uma para a outra.
    - Bom, podemos perguntar para as pessoas da vila, mas acho que será de mais ajuda perguntar a Vajra da nossa vila ou você procurar em outro lugar.
    -Seria intere—
    Naquele momento, o vento ficou muito forte. Era uma nave enorme que tinha rasgado os céus e ficada de frente para as jovens. Uma pessoa desceu daquela nave e caiu próxima a Alicia e Cherish.
    -Eu sabia que tinha um bom motivo para vir para essa vila mais cedo. Senhor Juddeca que me perdoe, mas encontrar duas Elemental é um ganho enorme!
    -Quem é você!? Alicia perguntou para o homem magro com uma irritação enorme, ela pressentia o perigo. A córnea de seus olhos diminuiu bastante.
    -Vocês deveriam agradecer por Ludwig da Odessa vir até aqui para recrutar vocês garotas. É um desperdício ver qualquer Elemental fora da Odessa. Se bem que essa daí deve ser uma Bestia, só de ver esses olhos selvagens.
    -Qual é o objetivo de vocês?-Cherish, bem mais calma que sua amiga perguntou para o homem.
    -A Odessa apenas quer juntar os Elemental mais fortes para vencer Daikage quando ele despertar. Mesmo que para que eles se juntem precisemos destruir tudo em nosso caminho. Tem outras coisas também, mas não entrarei em detalhes.
    Alicia parecia muito irritada com Ludwig, e ao ouvir sobre o suposto objetivo da Odessa começou a conjurar um feitiço.
    -Oh? Quer me atacar? Idiota, se não se juntarem a mim levarei ambas à morte! Venha, Rock Blast!
    Vários pedaços de pedra vieram em direção às duas garotas. Alicia, no entanto, sorriu e desferiu seu feitiço:
    -Explosion!
    O feitiço de Alicia foi claramente superior, destruindo todas as rochas e machucando um pouco Ludwig.
    -Sua desgraçada! Como se atreve a ferir um dos membros da Odessa!? Eu vou destruir essa vila toda!
    Dessa vez, o círculo mágico de Ludwig era enorme. Ele parecia estar um pouco exausto por acumular tanto poder mágico. Alicia sentia que precisava acabar logo com aquilo.
    -Morram! Gigantic Hammer!
    O martelo de terra enorme claramente podia destruir toda a vila Haven e ainda danificar os arredores. Era realmente uma técnica assustadora.
    -Vocês merecem isso por não seguirem o que eu—
    Num instante, tudo parou. Alicia estava imóvel, mas consciente. O mesmo não se podia dizer de Cherish e Ludwig. Ela só pode ver um vulto enorme; seu grito se espalhava pelo continente de Elfera. Comparado com aquele som, o Gigantic Hammer parecia inofensivo.
    -Tera Destroyer!
    A criatura soltou uma rajada de energia enorme, acertando o martelo conjurado por Ludwig, o próprio e toda a vila Haven. O feitiço criou uma cratera enorme onde era a cidade, e as áreas ao lado da mesma.
    Alicia ficava pensando como ela e Cherish ainda estavam intactas e porque a besta não as destruiu também. Ela também não sabia se aquele ser em forma de dragão era um Bestia ou um Elemental. Afinal, segundo Cherish nenhum Bestia podia falar. A garota pensou nisso e em outras coisas num curto espaço de tempo, mas seu corpo não queria se mexer, ou melhor, não conseguia. 
    Ela também viu Cherish desmaiar em frente aos seus olhos, e o dragão negro pegar a jovem de cabelos brancos em seus braços e voar para longe do local. Alicia era não conseguiu falar nada, queria gritar o nome de Cherish o mais alto possível, mas não conseguia. Ela só conseguiu começar a caminhar algumas horas depois, sem destino algum e com choro inacabável.
    A mente da jovem estava vazia. Ela perdera aquilo que conquistou tão rápido, o que a deixou tão feliz. Sua esperança de uma vida normal que tanto desejava. Ela só pensava naquela que foi a primeira a tratar a jovem como pessoa.
     Na distração, a garota de cabelos vermelhos escorregou e caiu num buraco enorme, que parecia ter um caminho; era uma caverna.
    O caminho foi curto, e no fim dele um beco sem saída, apenas com uma rocha enorme. Naquele momento, a voz de Alicia voltou, e com ela uma grande decepção. Num ato de irritação, socou a rocha:
    -Desgraça!
    Para a surpresa dela, a rocha se moveu e se desembrulhou, se transformando num pequeno dragão vermelho.
    -Precisava me acordar dessa forma?! Eu não recebo uma visita há centenas de anos e ainda me batem?
    -Ah, desculpe, Não sabia que fosse alguém, eu estava, bem...
    -Tudo bem moça. Estou vendo pelo seu rosto que não está nada bem. Quer falar algo comigo?
    Alicia resolveu contar tudo que aconteceu até agora para o jovem dragão. Ele, por sua vez, resolveu aconselhar a garota.
    -E você pretende ficar aqui chorando? Viu aquele Elemental enorme levar sua amiga e não vai fazer nada?! Está decidido, vamos procurar aqueles dois por todo o mundo!
    -Peraí, não saia decidindo as coisas assim! E como você sabe que aquele dragão era um Elemental?
    -Você afirmou que ele falou o nome de seu feitiço. Isso caracteriza um Elemental. Mas certamente é diferente, eu nunca vi naquela era um Elemental em forma de Bestia, os tempos mudaram mesmo. E um Elemental desse tamanho é certamente assustador.
    -Bom, e o que você é?
    -Eu? Sou o lendário Guardião do fogo, Laevateinn!Sinta-se honrada de estar na minha presença!
    O projeto de dragão parecia bem animado; era possível ouvir sua risada a metros de distância, mas logo Alicia acabou com a felicidade dele.
    -Você parece bem esnobado com um nome tão pomposo. Mas ele é muito grande, eu não vou ficar te chamando assim. Se vai querer me acompanhar se acostume a ser chamado de Levi!
    -O que?! Não ouse mudar meu nome nobre de uma hora pra outra, minha rep—
    -Laevateinn não é nem um pouco fofinho. Aliás, nem um pouco feminino. Com essa sua pele rosinha e rosto redondo precisamos de algo mais prático e bonitinho. A Cherish adaptaria seu nome assim, eu acho...
    -Ei, não precisa ficar triste novamente. Aquele Elemental não a matou num primeiro momento, então acho que ela deve ficar segura por enquanto.
    Levi e Alicia saíram da caverna e foram de encontro à vila destruída. Aparentemente o dragão se adaptou ao seu novo nome. Alicia logo parou um pouco a caminhada para perguntar algo a ele.
    -Levi, você falou antes que era um Guardião. O que você faz exatamente?
    -Você é uma Elemental e não sabe sobre isso? Céus, por onde você andou esse tempo?
    Bom, vou tentar resumir para você. Existiam oito Guardiões antes de eu ir dormir, mas quatro eu nunca conheci. Cada Guardião corresponde a um elemento, no meu caso obviamente sou o representante do Fogo.
    Os outros três que conheço são Voltic do Trovão, Astra da Luz e Mory das Trevas. Guardiões são extremamente fortes magicamente, mas não podem lutar. Eles precisam achar um Elemental que corresponda suas características para lutarem juntos.
    No meu caso, eu precisava achar um Elemental do Fogo, mas não pode ser qualquer um. Sinceramente, foi muita sorte nos encontrarmos. Eu fiquei um tempo enorme dormindo porque nunca encontrei alguém que tivesse as características do Fogo parecidas com as minhas. Usuários de Fogo gentis, esperançosos, não-arrogantes e normalmente não independentes são extremamente raros. Assim—
    -Eu sabia que você era fofinho Levi! Vamos ser a melhor das duplas então, tudo bem?
    -Tá bom... - o pequeno dragão estava suspirante, pois não terminou sua explicação, mas aparentemente o resto não importava muito, a jovem já deve ter entendido o que ele quis explicar mesmo.
    -E qual será nosso próximo passo Levi?
    -Bom, o mais correto seria nos alimentarmos antes de sairmos daqui. Sabe, o ideal seria viajarmos por cidades por enquanto em busca de informações, mas a mais próxima está um pouco longe daqui. Vamos comer e sair daqui logo, assim devemos chegar lá na parte da noite.
    -Tudo bem!
    A dupla resolveu para um pouco para comer frutos e tomar água. Por sorte, uma parte da reserva de alimentos não foi destruída. Após isso, partiram em direção à uma densa floresta; o caminho que interligava a vila de Haven como a cidade comercial de Suweto.

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